Do motivo à linha originária: autonomia da arte musical na obra de Heinrich Schenker

Tipo de documento

Tese

Data

2024

Modalidade de acesso

Acesso aberto

Centro

CEART

Instituição

Programa

Programa de Pós-Graduação em Música

Área do conhecimento

Lingüística, Letras e Artes

Editora

Autor

Nabuco, Ivan Gonçalves

Orientador

Freitas, Sérgio Paulo Ribeiro de

Coorientador

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Fascículo

Resumo

A pesquisa tematiza o problema da consistência do discurso musical. Trata-se, nesse sentido, em linhas bastante gerais, do problema do conteúdo musical, isto é, da unidade, da coerência deste conteúdo, e, consequentemente, da condição artística da música – portanto, de um problema que pode ser colocado nos termos de uma autonomia da arte musical. O texto se concentra mais especificamente sobre o modo como o musicólogo Heinrich Schenker (1868-1935) aborda o problema, particularmente na obra Novas Teorias e Fantasias Musicais (Neue Musikalische Theorien und Phantasien). A questão do estatuto artístico da música funciona, nesse sentido, como fio condutor para uma caracterização desta obra segundo a sua pretensão em realizar uma abordagem da música como arte. Questão fundamental de uma estética musical ou de uma filosofia da música, mas também – de acordo com Schenker – de uma teoria musical, o problema da condição artística da música é considerado a partir da tese hanslickiana da identidade entre forma e conteúdo enquanto elemento característico da música em comparação com outras formas de arte. Para tanto, procura-se primeiramente problematizar a noção de uma autonomia da arte em geral segundo seus fundamentos filosóficos a partir de Kant como modo de acesso à questão de uma autonomia da arte musical em particular. A compreensão de tal identidade (entre forma e conteúdo) como caráter distintivo da música funda-se, em Hanslick e, inicialmente, também em Schenker, sobre a identificação do motivo como o conteúdo especificamente musical. E, justamente por conta de tal identificação, como o elemento capaz de, garantindo um conteúdo para a música, torná-la “verdadeira arte” (wirkliche Kunst). A discussão a respeito de uma autonomia da arte musical conduz, nesse sentido, a uma consideração panorâmica de obra de Schenker – das continuidades e descontinuidades dentro desta obra, representada essencialmente pelo reconhecimento de uma insuficiência do motivo na determinação da coerência (portanto, do conteúdo) musical, e da necessidade de outro conceito, capaz de determinar a continuidade inteligível do discurso: a linha originária (Urlinie) e o contraponto originário (Ursatz). Trata-se, nesse sentido, de uma problematização acerca da inteligibilidade do discurso musical, mas também acerca da coerência interna da obra de Schenker. A caracterização desta obra, de um modo geral, enquanto o esforço pela realização de uma determinação dos princípios artísticos da música encontra ainda na doutrina kantiana do gênio um fundamento para algumas questões relevantes da obra de Schenker (como, por exemplo, a necessidade de algo como o gráfico analítico), e para a sua retórica de um modo geral. A apreensão de questões fundamentais da teoria musical a partir da estética (filosofia) é justificada, por fim, pela imbricação de tais questões (musicais e filosóficas) a partir de uma reflexão, típica da modernidade, do problema da arte (e da sua autonomia) como fundamento para o surgimento de estéticas particulares, e da própria estética musical.

Abstract

The research focuses on the problem of the consistency of musical discourse. In this sense, it deals, in very general terms, with the problem of musical content, that is, the unity and coherence of this content and, consequently, the artistic condition of music – therefore, a problem that can be presented in terms of the autonomy of musical art. The text focuses more specifically on the way in which the musicologist Heinrich Schenker (1868- 1935) approaches the problem, particularly in his work New Musical Theories and Fantasies (Neue Musikalische Theorien und Phantasien). In this sense, the question of the artistic status of music, of a transformation of music into art, serves as the guiding thread for a characterization of this work according to its claim to approach music as art. A fundamental question for musical aesthetics or philosophy of music, but also – according to Schenker – for music theory, the problem of the artistic condition of music is considered from the point of view of Hanslick's thesis of the identity between form and content as a characteristic element of music in comparison with other forms of art. In order to do this, we first problematize the notion of the autonomy of art in general, according to its philosophical foundations, starting with Kant, as a way of accessing the question of the autonomy of musical art in particular. The understanding of this identity (between form and content) as a distinctive character of music is based, in Hanslick and, initially, also in Schenker, on the identification of the motif as the specifically musical content. And, precisely because of this identification, as the element capable of guaranteeing a content for music, turning it in true art. The discussion about the autonomy of musical art leads, in this sense, to a panoramic consideration of Schenker's work - of the continuities and discontinuities within this work, essentially represented by the recognition of the insufficiency of the motif in determining musical coherence (and therefore content), and the need for another concept capable of determining the intelligible continuity of discourse: the original line (Urlinie) and the original composition (Ursatz). In this sense, it is a problematization about the intelligibility of musical discourse, but also about the internal coherence of Schenker’s work. The characterization of this work in general as an effort to determine the artistic principles of music also finds in the Kantian doctrine of genius a foundation for some relevant questions in Schenker's work (such as, for example, the need for something like the analytical graph), and for his rhetoric in general. The apprehension of fundamental questions of music theory from aesthetics (philosophy) is justified, finally, by the imbrication of such questions (musical and philosophical) from a problematization, typical of modernity, of the problem of art (and its autonomy) as a basis for the emergence of particular aesthetics, and of musical aesthetic itself.

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