Práticas posithivas: um levante de artistas que vivem com HIV/aids nas artes da cena
Tipo de documento
Dissertação
Data
2024
Modalidade de acesso
Acesso aberto
Centro
CEART
Instituição
Programa
Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas
Área do conhecimento
Lingüística, Letras e Artes
Editora
Autor
Faria, Emanoel Aparecida
Orientador
Coorientador
Resumo
Este trabalho busca identificar as potências artísticas do processo formativo do Ciclo de Polinização da Coletiva Loka de Efavirenz e do processo artístico da peça-palestra A Doença do Outro, de Ronaldo Serruya, na construção de contranarrativas do hiv/aids na atualidade. Utilizando a bricolagem, método que busca responder às questões da pesquisa utilizando ferramentas diversas, e a cartografia, método de acompanhamento e invenção de dados, como métodos de análise. As obras serão examinadas sob a perspectiva da Posithividade Artística (PA+), que, diferentemente da Positividade de Foucault (2012) e da estética do fracasso de Colling (2021), emerge da interação entre poder disciplinador e resistência criativa, resultando em uma outra forma de poder vivo e ressignificado. Para isso, a pesquisa investiga dados históricos, bibliográficos e imagéticos sobre a epidemia de aids no Brasil, buscando compreender como as narrativas médico-patológico-midiático-jurídicas foram construídas e como ainda influenciam o imaginário social. Segundo Fonseca (2020), o corpo posithivo, carregado de necrometáforas (metáforas de morte) e belicometáforas (metáforas de guerra), permanece estigmatizado, funcionando como um corpo-arquivo da epidemia. Neste contexto, propõe-se o corpo-testemunha nas artes cênicas como um posicionamento ético-político para romper com o corpo-arquivo. As Práticas Posithivas, definidas como práticas artísticas e educativas com potencial para desconstruir discursos estigmatizantes, são destacadas como um meio de ressignificar histórias pessoais e coletivas de pessoas vivendo com hiv/aids (PVHA). Espera-se que o ato testemunhal no contexto artístico promova engajamento e rede de afetos para PVHA para que se possam se reconhecer enquanto sujeitos, rompendo o silêncio imposto por décadas de estigma e discriminação.
Abstract
This work seeks to identify the artistic potential of the training process of the group Coletiva Loka de Efavirenz's Ciclo de Polinização (Pollination Cycle) and the artistic process of Ronaldo Serruya's lecture-play A Doença do Outro (The Other's Disease) in the construction of counter-narratives about HIV/AIDS today. Using bricolage, a method that seeks to answer research questions using various tools, and cartography, a method of monitoring and inventing data, as methods of analysis. The works will be examined from the perspective of Artistic Posithivity (PA+), which, unlike Foucault's positivity (2012) and Colling's aesthetics of failure (2021), emerges from the interaction between disciplining power and creative resistance, resulting in another form of living and re-signified power. To this end, the research investigates historical, bibliographical and image-based data on the aids epidemic in Brazil, seeking to understand how the medical-pathological-media-legal narratives were constructed and how they still influence the social imaginary. According to Fonseca (2020), the posithive body, loaded with necrometaphors (metaphors of death) and bellicometaphors (metaphors of war), remains stigmatized, functioning as a body-archive of the epidemic. In this context, the testemonial-body in the performing arts is proposed as an ethical-political position to break with the archive-body. Posithive Practices, defined as artistic and educational practices with the potential to deconstruct stigmatizing discourses, are highlighted as a means of reframing the personal and the collective stories of people living with hiv/aids (PLWHA). It is expected that the testimonial act in the artistic context will promote engagement and a network of affections for PLWHA, so that they can recognize themselves as subjects, breaking the silence imposed by decades of stigma and discrimination.