Análise sensorial de lácteos e microbioma de queijos coloniais fabricados a partir de leite de vacas jersey alimentadas ou não com óleos essenciais
Tipo de documento
Dissertação
Data
2024
Modalidade de acesso
Acesso aberto
Centro
CEO
Instituição
Programa
Programa de Pós-Graduação Acadêmico em Zootecnia
Área do conhecimento
Ciências Agrárias
Editora
Autor
Silva, Cristina Bachmann da
Orientador
Coorientador
Endres, Creciana Maria
Resumo
Este estudo avaliou o leite, creme de leite e queijo colonial produzidos a partir de leite de vacas suplementadas ou não com óleos essenciais (OE) de eucalipto (126 g/kg) e menta (87 g/kg), testando a hipótese de que esses produtos aromáticos, embora benéficos para a saúde animal, não seriam incorporados nos lácteos. Um total de 40 vacas em lactação foi dividido em dois grupos de 20, com o grupo tratado recebendo 3,6 ml de OE por vaca ao dia e o grupo controle não recebendo a suplementação. O delineamento foi inteiramente casualizado, com 14 dias de adaptação e 17 dias de coleta de leite. Nos dias 15 e 16, o leite foi usado para produção de queijo colonial, com maturação monitorada aos 7, 20, 45 e 60 dias (para análise do microbioma). Nos dias 20 e 21, o leite foi destinado à produção de creme de leite, que passou por análise sensorial, e nos dias 30 e 31 houve nova coleta para análise do leite. As análises físico-químicas e microbiológicas mostraram que os produtos atendiam aos padrões legais, sem diferença significativa na composição entre os grupos. O teor de gordura no queijo variou de 28,0% a 33,5% (controle) e de 28,5% a 34,0% (tratado), enquanto a umidade oscilou entre 35,61% e 47,34% (controle) e entre 34,50% e 46,74% (tratado). Em relação ao TBARS (indicador de oxidação lipídica), houve menor oxidação no queijo tratado aos 45 dias (p < 0,05). Dentre os ácidos graxos, o tratamento com OE resultou em aumento dos saturados e redução dos insaturados (p < 0,05). No teste sensorial CATA, com 120 avaliadores, o leite do grupo tratado foi descrito como mais doce (p = 0,004), menos aguado (p = 0,040) e mais opaco (p = 0,071). O creme de leite mostrou semelhanças para a maioria dos atributos, e os queijos aos 20 e 45 dias foram percebidos como similares, embora o queijo do grupo tratado, aos 45 dias, fosse descrito como mais gorduroso (15% vs. 8%, p = 0,021) e picante (10% vs. 4%, p = 0,035), mesmo que esses atributos tenham sido pouco citados (<15%). Não houve diferença no microbioma dos queijos entre os grupos, porém observou-se menor contagem de patógenos no grupo tratado, possivelmente pela ação antimicrobiana dos OE. Conclui-se que, embora o tratamento com OE tenha gerado alterações no perfil de oxidação lipídica e ácidos graxos, não afetou as características organolépticas a ponto de inviabilizar o consumo dos produtos. Houve uma redução na presença de microrganismos patogênicos no grupo tratado, sugerindo um efeito antimicrobiano seletivo dos OE sem afetar os fermentos lácteos ou a maturação dos queijos, o que poderia contribuir para a segurança microbiológica dos lácteos.
Abstract
This study evaluated milk, cream, and colonial cheese produced from cows supplemented or
not with essential oils (EO) of eucalyptus (126 g/kg) and mint (87 g/kg), testing the hypothesis
that, although beneficial to animal health, these aromatic products would not be incorporated
into dairy products. Forty lactating cows were divided into two groups of 20, with the treated
group receiving 3.6 ml of EO per cow per day and the control group receiving no
supplementation. A completely randomized design was applied, with 14 days of adaptation and
17 days of milk collection. On days 15 and 16, the milk was used to produce colonial cheese,
with maturation monitored at 7, 20, 45, and 60 days (for microbiome analysis). On days 20 and
21, the milk was processed into cream, which was evaluated for sensory properties, and on days
30 and 31, milk was collected again for sensory analysis. Physicochemical and microbiological
analyses showed that all products met legal standards, with no significant compositional
differences between groups. Fat content in the cheese ranged from 28.0% to 33.5% (control)
and from 28.5% to 34.0% (treated), while moisture varied between 35.61% and 47.34%
(control) and between 34.50% and 46.74% (treated). For TBARS (a lipid oxidation indicator),
the treated cheese showed lower oxidation at 45 days (p < 0.05). Among fatty acids, EO
treatment increased saturated fatty acids and reduced unsaturated fatty acids (p < 0.05). In the
CATA sensory test, conducted with 120 untrained evaluators, the milk from the treated group
was described as sweeter (p = 0.004), less watery (p = 0.040), and more opaque (p = 0.071).
The cream exhibited similarities in most attributes, and cheeses at 20 and 45 days were
perceived as similar, although the 45-day aged cheese from the treated group was described as
greasier (15% vs. 8%, p = 0.021) and spicier (10% vs. 4%, p = 0.035), though these attributes
were cited by fewer than 15% of participants. No difference was found in the cheese
microbiome between groups; however, the treated group showed a lower count of pathogenic
microorganisms, possibly due to the antimicrobial action of EO. We conclude that, while EO
treatment altered lipid oxidation and fatty acid profiles, it did not affect the organoleptic
characteristics enough to impair the products' consumer viability. A reduction in pathogenic
microorganisms in the treated group indicates a selective antimicrobial effect of EO, which did
not affect dairy starters or cheese maturation, potentially contributing to the microbiological
safety of dairy products.
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