Caracterização de perfis comerciais relacionados à Fisioterapia neuropediátrica no instagram

Abstract

Crianças com condições neurológicas, como Paralisia Cerebral, precisam de um acompanhamento multidisciplinar. Nesse contexto, é frequente que os pais busquem informações sobre a condição dos seus filhos e tratamentos de profissionais em páginas da Internet e em redes sociais, como por exemplo, o Instagram, rede social que tem crescido rapidamente em todo o mundo desde 2010. Nesta plataforma, fisioterapeutas compartilham conteúdos sobre a sua área de atuação, que podem incluir desde intervenções eficazes e baseadas em evidências científicas, a métodos de tratamento ainda não testados ou seguros e com baixo nível de evidência. Este estudo busca identificar as características do conteúdo compartilhado por perfis profissionais relacionados à fisioterapia neuropediátrica no Instagram, com ênfase nas técnicas e intervenções compartilhadas. Foi realizada uma busca por postagens no Instagram em três momentos diferentes, utilizando 5 hashtags (#fisioterapiapediatrica, #fisioterapiainfantil, #fisiopediatrica, #fisioinfantil, #neurofuncional). As publicações foram selecionadas respeitando os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Os dados foram extraídos por dois revisores independentes e catalogados em uma planilha online. A análise estatística foi realizada através do software IBM® SPSS (Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 26.00). Após a seleção das postagens no Instagram, um total de 750 publicações foram catalogadas, sendo 449 postagens incluídas, contemplando 190 perfis diferentes, conforme os critérios de inclusão. A maioria das publicações foram compartilhadas em formato de vídeo (61,9%), expondo rotinas terapêuticas ou relato de serviços (45,2%), postadas por fisioterapeutas autônomos (43,4%), sendo a maioria residente no sudeste do Brasil (54,4%). As intervenções mais frequentes nas biografias dos perfis profissionais foram terapias com vestes terapêuticas (59,4%), Bobath (52,7%) e Exercícios de Cuevas Medek (18,9%). As intervenções mais frequentes presentes nas postagens compartilhadas pelos perfis foram terapias com vestes terapêuticas (15,9%) e treinamento de mobilidade (15,6%). Os produtos mais frequentes presentes nas postagens compartilhadas foram a gaiola de habilidades (34,1%) e as órteses (21,9%). A publicação de intervenções baseadas em evidências e de novas intervenções que não foram estudadas e/ou não são eficazes em redes sociais, pode gerar indecisão e um direcionamento para tratamentos ineficazes para as famílias de crianças com condições neurológicas. Estudos futuros que busquem um conhecimento mais aprofundado sobre a qualidade e nível das evidências expostas em diferentes condições de saúde nas redes sociais poderão esclarecer melhor o cenário do uso de redes sociais na fisioterapia neuropediátrica.