Kunzler, Deborah De Camargo HizumeOsório, Manoela Soares2024-11-212024https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/1357A sepse é definida, na atualidade, como uma disfunção orgânica com risco de vida, causada, basicamente, por uma resposta desregulada do hospedeiro à uma infecção. Devido à sua natureza sistêmica, o processo inflamatório séptico resulta em perda de massa muscular, tanto apendicular como diafragmática, além de impactos negativos significativos no estado funcional do paciente acometido. Neste sentido, a ultrassonografia cinesiológica (USc) é uma ferramenta diagnóstica não-invasiva que pode avaliar, à beira-leito, o estado muscular do diafragma, guiando, deste modo, o processo de reabilitação em paralelo à outras abordagens terapêuticas. Objetivo: Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o estado e função diafragmáticos via USc, bem como o estado funcional de indivíduos sépticos no momento da alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de analisar a influência destes fatores sobre a mortalidade nesta parcela de pacientes críticos. Métodos: Este estudo transversal, observacional e avaliativo foi realizado na UTI do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC/EBSERH), no período compreendido entre Abril e Novembro de 2023. A população do estudo foi composta de 36 pacientes sépticos admitidos na UTI, onde foram coletados os dados clínicos de prontuário. No momento da alta da UTI realizamos a USc diafragmática, aplicamos os testes volitivos funcionais e de força muscular, bem como as escalas avaliativas de estado clínico e de mobilidade (Manovacuometria, Dinamometria, escala Medical Research Council [MRC], Perme Intensive Care Unit Mobility Score [PERME] e Escala de Mobilidade na UTI [EMU]). Resultados: Nossos resultados demonstraram que os pacientes submetidos à Ventilação Mecânica Invasiva (VMI) não apresentaram diferenças estatísticas significativas quanto aos parâmetros de USc e estado funcional quando comparados àqueles que não utilizaram o suporte ventilatório (p>0,05). Por outro lado, quando foram comparados os pacientes com e sem diagnóstico ultrassonográfico de disfunção diafragmática (DD), observamos que os pacientes diagnosticados positivamente com DD apresentaram uma maior espessura diafragmática ao final da expiração (EDEX) (p<0,05). Adicionalmente, observamos também que os pacientes não sobreviventes apresentaram valores menores de Pressão Inspiratória Máxima (PImáx), preensão palmar e na pontuação do escore MRC, bem como um tempo de internação hospitalar e uma pontuação no escore Simplified Acute Physiology Score III (SAPS III) maiores quando comparados aos indivíduos que sobreviveram à sepse (p<0,05). A análise da curva ROC demonstrou que o tempo de internação hospitalar (IC 95%: 0,59 – 0,92; sensibilidade: 84%; especificidade: 64%; p: 0,01 e ASC: 0,75), o escore na escala MRC (IC 95%: 0,62 – 0,98; sensibilidade: 100%; especificidade: 50%; p: 0,01; ASC: 0,80) e a dinamometria de preensão palmar (IC 95%: 0,66 – 0,96; sensibilidade: 90%; especificidade: 55%; p: 0,007; ASC: 0,81) foram, neste estudo, bons preditores para o desfecho de mortalidade, determinando pontos de corte de 34 dias, 46 pontos na escala MRC e 11,2 kgf de dinamometria palmar, respectivamente. Em contraste, a DD não demonstrou ser, neste estudo, um bom preditor para mortalidade, sem efeito sobre a sobrevida destes pacientes dentro de um período de análise de até 120 dias. Conclusão: Neste estudo, os pacientes sépticos internados na UTI, de forma geral, apresentaram redução na performance da musculatura respiratória e pendicular, assim como em seu estado funcional. O tempo de internação hospitalar, o escore na escala MRC e os valores de preensão palmar no momento de alta UTI foram considerados bons preditores de mortalidade e possíveis balizadores de condutas terapêuticas nesta população.56 f.ptAttribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/br/SepseDisfunção DiafragmáticaEstado FuncionalMortalidadeAvaliação do estado funcional e da disfunção diafragmática diagnosticada por ultrassom como fatores preditivos para mortalidade em pacientes sépticos na unidade de terapia intensivaArtigo