Miranda, Maria Brigida DeLopes, Cleilson Queiroz2024-11-042024https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/278Esta tese de doutorado reflete sobre a concepção do espetáculo de Teatro Documentário Chorume da Companhia Ortaet de Teatro, localizada no interior do estado do Ceará, na cidade de Iguatu-Ce, a partir dos lugares que ocupo no grupo como artista-pesquisador e proponente do projeto. O espetáculo estreou no ano de 2021 e mantém-se em circulação atualmente. A Companhia Ortaet foi fundada em 1999, sendo um dos grupos mais antigos e resistentes do estado do Ceará, construindo ao longo de duas décadas uma história de produção, formação de artistas e de plateia. O projeto Chorume aprofunda-se no campo do “Teatro Documentário” a partir do lixão a céu aberto da cidade de Iguatu e do bairro Chapadinha, que o margeia. A Chapadinha é um dos bairros mais pobres e mais afetados pelas consequências do lixão, além de ser o local de residência da maior parte dos/as catadores/as que neste processo são artistas criadores/as. O projeto foi contemplado no laboratório Porto Iracema das Artes do Instituto Dragão do Mar no ano de 2020 e ter realizado o laboratório em meio a uma pandemia é uma das questões aqui debatidas. Reflito sobre a elaboração do espetáculo para os meios virtual e presencial a partir da experiência no Porto Iracema das artes e do próprio grupo. As questões teóricas sobre “Documentos Históricos” e “Teatro Documentário” são relevantes para esta elaboração, bem como a pesquisa do processo criativo e de campo. A percepção, narrativas e sensações dos/as artistas-criadores/as da Chapadinha sobre o espaço do lixão é um dos pontos centrais da tese, num processo que assume a relação direta entre artistas da companhia Ortaet e artistas-criadores/as da Chapadinha, por meio de ações estéticas no local, oficinas de teatro e o processo de montagem do espetáculo Chorume. Como metodologia, pauto-me no conceito de “genética teatral”, a partir dos pesquisadores/as de teatro Grésillon, Mervant-Roux, Budor (2013) e da pesquisadora Silvia Fernandes (2013). A metodologia a meu ver contempla o meu percurso e pesquisa dentro da Companhia Ortaet, como artista envolvido no processo de montagem e investigando os mais diversos documentos, que são artigos de jornais, trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses, conversas com os/as catadores/as do lixão de Iguatu e observações pessoais. Os documentos, fotografias e análises são disparadores de cenas possíveis. O debate sobre o teatro no Nordeste, no Ceará e no Iguatu auxilia na compreensão do nosso lugar enquanto grupo de teatro no interior. Como hipótese, trarei os primeiros apontamentos sobre o que chamo de “Documento de Cena”, proponho que uma peça de “Teatro Documentário” desconstrói estereótipos do fazer teatral atribuído ao Nordeste historicamente, bem como a montagem de uma peça com a temática do consumo e o descarte pode ser um instrumento que proporciona o debate e a transformação do espaço do lixão, produzindo condições simbólicas e materiais de olhar para aquela comunidade de maneira diferente.368 f.ptAttribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/br/LixãoDocumento de cenaTeatro documentárioCompanhia OrtaetIguatuLandfillScene documentDocumentary theaterDocumentos de cena na experiência da Companhia Ortaet de teatro: laboratório de teatro documentário para o espetáculo ChorumeTese